terça-feira, 2 de outubro de 2007

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Atrasaste a imagem amigo meu!
Desespero, insano, assassino, ansioso
Neste tempo Julieta não toca Romeu
Ei-la achando tudo retardado, criminoso

Olha o Gato aqui descalço
Lá, a mulher-fruto agora às 10:43
destruíste todo o tempo:
- o coelho sem relógio
- a fada bebendo uísque
- a bruxa casada está

Roubaste o verso?
Nada!
Deste-me a canhota!
Deste-me o ímpar!
O gauche como sempre fui!

Gaucheou este retrato!

Mas por tua arrogância
maltratando todo o feito
tenho uma mandinga caseira
que te livra das dores
e das mandingas caseiras
que livram de dores; ouça

Por teu estrago
a Escrita jamais veria a Pintura novamente
mas no Jardim, eu tive que apressar o canto:

"Já sei,
Será assim!
Tu pintarás em letras
E eu usarei tinta-relevo
Dos textos que tu pincelas
Nos quadros que eu escrevo"
in, Quantos cantos infantis, alguém, 1983

Mas juro!
JURO! que ponho ordem nisto aqui
num futuro eu tiro tudo pra dançar
ponho fogo no castelo
passo até na fada, o rastelo
e a gritos e facadas
com um desespero azul!,
danço com o par que é meu
MEU!
...
roubaste...
é vero
os pares...
o par.
no bar:
- garçom, on the rocks, s'il vous plait!

René Moraes

Obs: Arruinaste o quadrante todo! Símbolos estranhos.
Cosmogonia, κόσμος-γονία, cuidado. Ouve-me dessa vez.
Não preenchas mais os números...
lembra, dobrou-se o retrato.

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